O papel é pequeno e rectangular. Num dos lados tem desenhada a bandeira do Japão. No outro tem escrito: Envite pará Teresa e para u Tiago
“O que é isto, Ti?”
“Então não vês? É um envite!”
“E o que é um 'envite', meu querido?”
“É aquelas coisas que as pessoas entregam umas às outras. Não
digas que não sabes...”
“Sei o que é um convite…”
“Sim, é isso. Mas também se pode dizer envite.”
Algo me diz que há confusão naquela cabecinha entre ‘convite’ e ‘invite’.
Aprender inglês antes de se saber escrever português dá nisto. Decido não complicar
a coisa:
“Envite, seja. E de onde veio o envite?”
“Do Japão. Não acredito que não conheces a bandeira.”
“Conheço, mas achei estranho.”
“Eu também achei. E sabes o que é ainda mais estranho? Estar
escrito em português…”
“Isso não é bem português mas japonês não é certamente… deve ser de um japonês que está a aprender português.”
“De certeza. Assim como nós cá aprendemos inglês os japoneses
podem aprender português, não é?”
“Assim como nós aprendemos inglês, os japoneses também devem
aprender inglês. No entanto, pode haver alguns (sete, no máximo) que queiram falar
português.”
“Um desses foi o que mandou o envite.”
“Explica-me lá para que é o envite.”
“Esse é o ‘Grande Mistério’ que vou ter de desvendar. Quando
descobrir aviso.”
“Combinado. Não podes partir para o Japão sem falar comigo.”
Agarra o convite e abre os braços:
“Achas que eu e a Teresa íamos sozinhos ao Japão? Que disparate… tínhamos
de ir de avião! Vou tratar do mistério e depois mostro-te no meu livro de países
e bandeiras onde fica o Japão para veres como é longe.”
“O ‘livro de países e bandeiras’, que EU te ofereci, tem nome:
Atlas.”
“Ok, ok… descubro o mistério, trago o Atlas e mostro-te onde fica
o Japão.”
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