Nunca gostei
do mês de Novembro. Sempre me deprimiu o modo como pinta de cinzento os dias, o
modo como os encurta, como os gela e como os preenche com chuva.
Este
Novembro foi pior do que todos os outros. Não pela chuva, não pelo frio, não
pelos dias curtos. Foi pior do que todos os outros porque quase me levou o meu
pai. O meu pai, o avô Nino dos meus filhos, o Nino da minha mãe, o Finzinho da
família, o tio Cum dos sobrinhos, o Serafim de todos os outros que lhe estão
próximos e são, de um modo ou outro, contagiados pela sua inesgotável vontade de
aproveitar a vida.
Diz-se que
"Pai há só um!". Eu tenho a sorte de ter um pai fantástico. Não por ser
muito afectuoso. Nunca foi de expressar em demasia os seus sentimentos. É fantástico
pela sua verticalidade, pelo seu enorme sentido de justiça e pelo seu bom coração.
Ensinou-me que precisamos de nos manter fiéis a nós próprios, que temos o
direito de ser livres de traçar o nosso caminho e aprender com os nossos erros.
Senti o seu apoio incondicional durante toda a minha vida. Esteve sempre lá, nos
bons e nos maus momentos.
Este
Novembro tentou levar o meu pai e o meu mundo parou de girar. Este Novembro
tentou mas não conseguiu levar o meu pai. Porque o meu mundo ainda não está
preparado para girar sem o meu pai e o meu pai ainda tem muito a dar a este
mundo.
Bem hajas, pai. Deste-me o melhor presente de Natal de sempre. Prepara-te,
pelo menos, para os próximos trinta Novembros. Um por cada dia que passaste no
hospital. Que venham com chuva, com frio e sem um único raio de sol. Estaremos
cá juntos para os viver com alegria.
Apoiado! Vamos nessa.
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