sábado, 21 de dezembro de 2013

bitter november



Nunca gostei do mês de Novembro. Sempre me deprimiu o modo como pinta de cinzento os dias, o modo como os encurta, como os gela e como os preenche com chuva.

Este Novembro foi pior do que todos os outros. Não pela chuva, não pelo frio, não pelos dias curtos. Foi pior do que todos os outros porque quase me levou o meu pai. O meu pai, o avô Nino dos meus filhos, o Nino da minha mãe, o Finzinho da família, o tio Cum dos sobrinhos, o Serafim de todos os outros que lhe estão próximos e são, de um modo ou outro, contagiados pela sua inesgotável vontade de aproveitar a vida.

Diz-se que "Pai há só um!". Eu tenho a sorte de ter um pai fantástico. Não por ser muito afectuoso. Nunca foi de expressar em demasia os seus sentimentos. É fantástico pela sua verticalidade, pelo seu enorme sentido de justiça e pelo seu bom coração. Ensinou-me que precisamos de nos manter fiéis a nós próprios, que temos o direito de ser livres de traçar o nosso caminho e aprender com os nossos erros. Senti o seu apoio incondicional durante toda a minha vida. Esteve sempre lá, nos bons e nos maus momentos.  

Este Novembro tentou levar o meu pai e o meu mundo parou de girar. Este Novembro tentou mas não conseguiu levar o meu pai. Porque o meu mundo ainda não está preparado para girar sem o meu pai e o meu pai ainda tem muito a dar a este mundo. 

Bem hajas, pai. Deste-me o melhor presente de Natal de sempre. Prepara-te, pelo menos, para os próximos trinta Novembros. Um por cada dia que passaste no hospital. Que venham com chuva, com frio e sem um único raio de sol. Estaremos cá juntos para os viver com alegria.

1 comentário: