Desde que sou mãe de três, a pergunta “Quando é que vem o
próximo?” é-me dirigida com o triplo da frequência (e mais: num tom
assustadoramente retórico) o que me leva a pensar que isto de ter filhos
provoca nos outros uma expectativa em pirâmide invertida: quantos mais há, mais
se esperam.
Já são três. Por que raio há-de haver um “próximo” quando a média
por estas bandas é de um filho por casal? (ok, é 1,2 mas isto de contar
crianças em décimas faz-me alguma confusão)
Sinto que há uma tendência generalizada para se dividir os jovens
pais em dois grandes grupos: os ditos “normais” para os quais se estabelece o
clássico objectivo do “casalinho” e os que decidem avançar para um terceiro
denotando desde logo alguma insanidade mental e uma predisposição para
continuar alegremente até ao décimo.
Errado. A chegada do primeiro filho é uma hecatombe – a vida como
a conhecíamos deixa de existir e mergulhamos num universo para o qual nunca
imaginámos estar preparados. Sobrevivemos claro, e, na maioria dos casos, felizes
e contentes, pois a entrada de uma criança na nossa realidade compensa em larga
escala tudo aquilo de que temos de abdicar por ela. O salto do primeiro para o
segundo filho é grande. O salto para o terceiro é gigante - pura e simplesmente
passamos de uma posição em que estamos em igualdade numérica para uma posição
de dois para três – a logística torna-se, subitamente, muito mais complexa. Mas
vá lá... ainda cabemos todos num carro, num elevador, ainda sobra algum espaço
à mesa para alguém que tenha coragem (e paciência) para vir jantar connosco.
Pessoalmente, a ideia da chegada de mais um filho provoca-me falta de ar.
Acredito que em muitos casos isso só aconteça ao quarto, ao quinto ou ao sexto.
Mas pode acontecer logo com o primeiro.
De um modo mais simples
Imaginando y = f(x) em que:
x - variável discreta independente que representa o número de
filhos
y - variável discreta que representa o número de filhos ”extra”
pretendidos
Desengane-se quem pensa que, para x > 2, f(x) existe, é
contínua e crescente.
“Quando é que vem o próximo? Vai perguntar essa a outro.”
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