sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Quando é que vem o próximo?"





Desde que sou mãe de três, a pergunta “Quando é que vem o próximo?” é-me dirigida com o triplo da frequência (e mais: num tom assustadoramente retórico) o que me leva a pensar que isto de ter filhos provoca nos outros uma expectativa em pirâmide invertida: quantos mais há, mais se esperam.

Já são três. Por que raio há-de haver um “próximo” quando a média por estas bandas é de um filho por casal? (ok, é 1,2 mas isto de contar crianças em décimas faz-me alguma confusão)

Sinto que há uma tendência generalizada para se dividir os jovens pais em dois grandes grupos: os ditos “normais” para os quais se estabelece o clássico objectivo do “casalinho” e os que decidem avançar para um terceiro denotando desde logo alguma insanidade mental e uma predisposição para continuar alegremente até ao décimo.

Errado. A chegada do primeiro filho é uma hecatombe – a vida como a conhecíamos deixa de existir e mergulhamos num universo para o qual nunca imaginámos estar preparados. Sobrevivemos claro, e, na maioria dos casos, felizes e contentes, pois a entrada de uma criança na nossa realidade compensa em larga escala tudo aquilo de que temos de abdicar por ela. O salto do primeiro para o segundo filho é grande. O salto para o terceiro é gigante - pura e simplesmente passamos de uma posição em que estamos em igualdade numérica para uma posição de dois para três – a logística torna-se, subitamente, muito mais complexa. Mas vá lá... ainda cabemos todos num carro, num elevador, ainda sobra algum espaço à mesa para alguém que tenha coragem (e paciência) para vir jantar connosco. Pessoalmente, a ideia da chegada de mais um filho provoca-me falta de ar. Acredito que em muitos casos isso só aconteça ao quarto, ao quinto ou ao sexto. Mas pode acontecer logo com o primeiro.

De um modo mais simples

Imaginando y = f(x) em que:

x - variável discreta independente que representa o número de filhos
y - variável discreta que representa o número de filhos ”extra” pretendidos

Desengane-se quem pensa que, para x > 2,  f(x) existe, é contínua e crescente.

“Quando é que vem o próximo? Vai perguntar essa a outro.”

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