Estaciono o carro em cima do passeio, em frente à
padaria.
"Meninos, vou buscar pão."
"Mamã, posso i contigo pa escolhê coisas pa
mim?"
"Não. Está frio e chuva. Ficas aqui com o Ti. São
só dois minutos."
Antes que feche a porta o Ti pede bolas verdes. Bolas
verdes? Que diabo são bolas verdes? Assim que atravesso a porta do estabelecimento
deparo-me com um expositor da Matutano. Em destaque estão os Cheetos futebolas. O horrível sabor de sempre, agora em bolas, num pacote verde. Está explicado. É isto que o rapaz quer. Adora Cheetos. Não entendo como é que
alguém tão avesso a junk food gosta de Cheetos. Ok. Dois pacotes, um para
cada um. Não estou com disposição para discussões. Regresso ao carro e aviso
que as bolas verdes são para comer em casa, com moderação. Moderação é uma
palavra que não existe no (parco) dicionário da Té. Estendo-lhe alguns Cheetos,
fecho o pacote e coloco-o longe da vista. O Ti tira um par de bolinhas
fedorentas do seu e avisa:
"Dois por dia mãe. É o meu máximo."
Gosta de parecer hiper-mega-responsável mas nem sempre
o consegue. Marshmallows e Cheetos são a sua Kryptonite. Passados alguns
minutos está de regresso à cozinha. Olha-me de lado enquanto abre a mola com
que fechou cuidadosamente o seu pacote.
"Então Ti? Não eram dois por dia?"
"Três. Três por dia."
Faço de conta que não vejo a sua terceira, quarta e
quinta investida. À sexta não deixo passar. Aproximo-me e toco-lhe o ombro.
"Afinal de contas qual é o teu máximo, senhor
Tiago?"
"Não sei quantas bolas tem o pacote, mãe. Digo-te
amanhã, ok?"
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