terça-feira, 22 de abril de 2014

sopro azul para desanuviar uma semana vermelha


"Oh, meu Porto, onde a eterna mocidade

  Diz à gente o que é ser nobre e leal.
  Teu pendão leva o escudo da cidade
  Que na história deu o nome a Portugal.

Oh, campeão, o teu passado
  É um livro de honra de vitórias sem igual
  O teu brasão abençoado
  Tem no teu Porto mais um arco triunfal
  Porto, Porto, Porto, Porto
  Porto, Porto, Porto, Porto
  Porto, Porto

Quando alguém se atrever a sufocar
  O grito audaz da tua ardente voz
  Oh, Oh, Porto, então verás vibrar
  A multidão num grito só de todos nós"


Após o fatídico terceiro golo do Benfica, que nos sacudiu a última réstia de esperança de ganhar ao menos a Taça, o Tommy, de olhos rasos de água, perguntou-me:

“O que é que vamos ganhar este ano, mãe? O quê?”

“Nada, meu filho. Não vamos ganhar nada.”

Olhou-me com a mais profunda das tristezas, tirou a camisola que veste sempre para dar sorte durante o jogo, e saiu da sala com um:

“Não aguento mais isto. Vou dormir.”

É um pesadelo. Eu própria, que ainda sou do tempo em que o campeonato era uma coisa que se festejava ano sim, ano não, tenho alguma dificuldade em lembrar-me de tamanho desastre. O meu filho não está preparado para este pesadelo. Desde que é gente (e só é gente há onze anitos e uns meses) o Fcp já limpou nove campeonatos, cinco taças, oito super-taças, duas taças UEFA e uma Champions League. Face a este palmarés é complicado digerir os tristes resultados da época que agora termina. É complicado mas digere-se. O futebol é mesmo assim. Por mais que as coisas corram mal, por mais que insultemos o treinador ou tenhamos vontade de esbofetear metade do plantel, o amor ao clube não diminui. Este ano o Porto não foi o nosso Porto mas cá estaremos para continuar a apoiá-lo. Hoje de manhã, à chegada ao colégio, o rapaz foi prontamente saudado com um sarcástico:

“Então? Essa Páscoa? Não há palavras pois não?...”

Fiz-lhe uma festa na cabeça e disse-lhe baixinho:

“Não ligues.”

“Eu já argumento, não te preocupes.”

“Não tens grandes argumentos…”

Ele sorriu-me confiante:

“Contra um benfiquista?... Tenho sempre argumento!”

E lá foi, a correr no encalço dos amigos, com a força da chama azul e branca que até pode esmorecer mas nunca se apaga. Somos Porto.



Ps: quem me conhece sabe o quanto eu gosto de fazer quadros de Excel. Os títulos dos últimos vinte anos dos chamados ‘grandes’ (ao qual espero não ter de acrescentar mais nenhum quadradinho vermelho):


O Tommy tem razão. Não lhe faltam argumentos.

2 comentários:

  1. Olá Joana e Tommy! Devo dizer que, talvez por ser mãe de um menino de 39 (o meu marido) e outro de 9 anos (o meu filho), sou muito tolerante em relação ao meu Porto. Fico feliz quando ganha e desculpo-o quando a coisa não corre tão bem, sempre na esperança de que "para a próxima é de vez";) E se a Joana me permite, quero imprimir essa tabela e colocá-la num lugar bem visível no meu local de trabalho. Melhor argumento não há. Poooorrrtoooo! Beijos

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