Sábado, dez
da manhã. Debato-me com a difícil decisão de por-onde-começar-depois-de-dois-dias-sem-empregada...
o ar gelado que entra pela janela dá-me, ao menos, uma desculpa moral para adiar mais uma semana
a mudança definitiva das roupas.
"Meninos,
vistam qualquer coisa por cima do pijama, está frio!"
Os rapazes
enfiam uma sweater. A Teresa, sempre sensata e alinhada, aparece com um fato de 'Incredible'.
Enquanto
preparo o pequeno almoço sou atingida à queima-roupa.
"Tééé....
põe a 'nerf' do teu irmão no sitio onde estava, se fazes favor."
Ela lá vai, de
arma em punho, com o fato cinco números acima, directa ao quarto do Tomás.
Regressa pouco depois. Traz de volta a arma e, na outra mão... uma 'vuvuzela'.
Arrumar roupas,
descarregar a máquina da louça, mudar a areia da gata afiguram-se-me
subitamente como tarefas de sonho:
"Tommy,
Ti, fiquem aí com a Té na sala enquanto
a mãe vai tratar da casa."
Fujo mas, como
nunca nada corre como pretendo, acabo a braços com as lides domésticas e com a companhia da menina incrível e dos seus artefactos.
O cenário melhora quando enfia uma bala de 'nerf' na extremidade da 'vuvuzela'.
Empunha-a na minha direcção e exclama triste:
"Mãe...óia...!"
"Oh,
Teresinha, que disparate... agora está tapada... não dá para tocar... que pena,
não é?"
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