À saída do banho a conversa gira em torno de ‘barrigas’.
“Já viste a minha barriga Teresinha? É maior do que a tua. Sou
mais crescido!”
A Té apoia as mãozitas sobre o estômago e sorri:
“A mia baíga é piínina.”
“E a da mãe já foi gigante! Quando estávamos lá dentro.”
“A Té piínina, o Ago piínino e o Ma piínino na baíga gaaaaande da
mãe?...”
Tenho para mim que a Té está convencida de que os bebés Teresa,
Tiago e Tomás (‘Té’, ‘Ago’ e ‘Ma’ 'piíninos' em Teresês) não são o passado
recente dos próprios mas sim uns serezitos que passaram cá por casa e que foram
despachados para darem lugar ao trio maravilha.
Explico que todos estiveram na minha barriga, mas, um de cada vez.
O Tiago ajuda:
“Primeiro foi o Tomás, em 2002. A barriga da mãe esticou muito até ficar
enoooorme. Depois eu, em 2007.
A barriga da mãe voltou a esticar muito, muito, muito.
Depois tu, em 2010. Foi a última vez que a barriga da mãe esticou.”
“Isso mesmo, Ti. Muito bem.”
Aguardo um “Esticou tanto, tanto, tanto e voltou a encolher! Incrível
não é?”. Mas não. Com o pragmatismo que o caracteriza, levanta-me a t-shirt e
espeta o indicador no meu pneu pré-quarentão:
“Estás a ver Teresinha? Foi por ter esticado tanto que a barriga da
mãe ficou assim… um bocadinho grande.”
Com a minha auto-estima no chão puxo a t-shirt para baixo e tento
acabar com a conversa. O Ti ainda teoriza:
“Já imaginaste se a mãe tivesse mais bebés? A barriga ia ficar
ainda pior.”
A Té sorri e volta a abraçar a sua barriguinha linda:
“A mia é piínina!”
Mas o Ti não a poupa e vai avisando:
“Quando fores crescida e tiveres bebés a tua barriga vai ficar
como a da mãe. Eu e o Tomás temos mais sorte. E sabes que mais?”
Não, Tiago. Não sabemos, nem queremos saber. Ligo o secador no máximo
para que o seu ruído engula as verdades que teimam em sair-lhe pela boca fora.
Fogo, os gajitos não têm sensibilidade nenhuma pá... gostam mesmo de constatar o óbvio, alto e bom som :)
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