quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

era uma gripe, se faz favor.




Sempre detestei o Inverno. Desde que sou mãe, o meu ódio por esta época ganhou proporções megalómanas. E porquê? Porque juntamente com os primeiros pingos de chuva chegam os batalhões de vírus e bactérias. Entram pela porta dentro sem pedir autorização e ficam instalados cá em casa até ao final de Março. Saltam alegremente do Tomás para a Té, da Té para o Tiago, do Tiago para o pai, and so on. A despensa enche-se de antipiréticos, anti-inflamatórios, anti-tússicos, anti-histamínicos. A máquina de fumos volta ao activo. Os lenços de papel desaparecem a um ritmo imparável. Há sempre alguém doente. Às vezes mais do que um. Eu sou a única que passa, normalmente, ao largo (o André diz que é a minha ruindade que afasta a bicharada… prefiro acreditar que é apenas sorte).

Já pensei em propor ao Colégio uma redução do valor das mensalidades nos meses frios uma vez que durante esse período nunca tenho os 3 educandos em simultâneo a frequentar as instalações.

À data, os “famous five” apresentam duas baixas: o Tommy e o pai. É, de longe, a combinação mais difícil de gerir pois fico, sozinha, a braços com os dois mais novos (em rédea ainda mais solta para as suas birras e disputas) invejosos por não poderem faltar às aulas:

“Mãããeeee, porque é que o Tomás não vem para o Colégio?”
“Está mal disposto. Vai ter de ficar em casa.”
<…silêncio…>
“Meninos, vêm ou não? Já chamei o elevador.”
“Acho que me está a doer a cabeça…”
“Não inventes. Vamos lá.”
“Não, não é a cabeça. É a barriga.”
“Ti… estamos atrasados.”
“Não queres ver se tenho febre? Acho que estou quente.”

A Teresa põe a mãozita na testa do Tiago, abana negativamente a cabeça e sorri com a malvadez que a caracteriza. Ainda não é desta que se safa.

Entramos no elevador. O Tiago olha para o chão e murmura entredentes:
“Amanhã vou acordar maldisposto.”

O problema é que, para mal dos meus pecados, com jeitinho, vai mesmo.

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