De tempos a tempos surge lá por casa uma obsessão desmesurada com
um filme elevando-o ao que eu considero o quinto e último nível na “escala de
visionamentos domésticos”. Passo a explicar os meus critérios para definição da
dita:
nível 1 filme novo.
Vejo-o, sem dificuldade de maior, eventualmente até com prazer.
nível 2 primeira meia dúzia de visualizações.
Ok, o filme pode ser muito giro mas não há necessidade de o ver
repetidas vezes. Se estiver perante um musical (o que acontece frequentemente)
os momentos de cantoria já custam um bocadinho.
nível 3 visualização diária por período superior a
uma semana.
Já não gosto de nada. Personagens, argumento, música, tudo me
irrita.
nível 4 mais de 2 visualizações diárias por
período superior a 2 semanas.
Desespero, revolta, indignação: “TIREM-ME DESTE FILME!!!”
nível 5 quantidade indeterminada de visualizações
diárias por período superior a 3 semanas.
Imunidade adquirida. O filme deixa de me incomodar e passa, pura e
simplesmente, a fazer parte da rotina. As músicas são agora a banda sonora do
meu quotidiano. As personagens são parte da família.
O nível 5 do momento é o “Tangled”. Outros houve, antes deste…
assim de repente lembro-me de alguns: “Spider Man”, “The Incredibles”, “Cars”,
“Monsters Inc”, “Mamma Mia” (esse não foi fácil… acordar a cantar o
“voulez-vous” e adormecer a cantar o “take a chance on me” é algo que não
recomendo a ninguém…). A todos sobrevivi com mais ou menos sequelas. Certo é
que passados alguns anos acabo por rever, com alguma (inexplicável) ternura, esses filmes que tanto me atormentaram.
nota de rodapé:
“Querida Teresinha, o teu irmão Tomás, que tem, como sabes,
alergia a tudo que seja dirigido a um universo feminino sabe as canções do
Tangled de cor… o teu irmão Tiago veio, ontem, no carro, a relatar, palavra,
por palavra, vírgula por vírgula, nota por nota, os primeiros vinte minutos do
filme… adoro-te milhões, mas vejo-me obrigada a dizer-te que me parece ter
chegado a altura de saltares para outra.”
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