Um “temos de ir à Serra da Estrela ver a neve” atirado ao ar no
final de Outubro foi o suficiente para ter o Tiago à perna durante os meses que
se seguiram.
“Quando vamos à Serra da Estrela?”
“É este sábado que vamos à Serra da Estrela?”
“É no próximo sábado que vamos à Serra da Estrela?”
“Mas afinal em que sábado é que vamos à Serra da Estrela?”
“Eu quero ir à Serra da Estrela…”
“O pai disse que íamos à Serra da Estrela. Em dia vamos?”
“…Serra da Estrela…”
“…Serra da Estrela…”
“…Serra da Estrela…”
Antes que a primavera tratasse do degelo agendámos uma ida à Serra
num dos (poucos) fins-de-semana em que o pai não tinha de trabalhar. Como coincidia
com o aniversário da avó acabámos por decidir ir todos: crianças, pais, avós e bisavós.
Para não quebrar a tradição de que estas-coisas-connosco-nunca-são-fáceis
o Tomás adoeceu nas vésperas da partida.
Vamos, não vamos, vamos, não vamos… coitadinho do Ti, queria tanto
ir… lá partimos, finalmente, com um dia de atraso.
O Tomás adorou. Já sem febre, arranjou energia para aproveitar
todos os minutos.
A Teresa esteve imparável. Equipadíssima para o momento, só tinha à
vista o narizito arrebitado e aqueles olhões radiantes. Palavras, só duas,
repetidas em contínuo: “outa vez!... outa vez!... outa vez!” (convém salientar
que com todas as subidas a serem feitas às cavalitas do pai tudo se torna muito
mais simples).
O Tiago, após o clássico boneco de neve, o clássico “anjinho” (que
tantas vezes tinha visto nos episódios do Ruca) e duas ou três descidas de
tobogan, decidiu sentar-se ao meu lado a observar a paisagem.
Cumpridos que estavam os objectivos mínimos, disse baixinho: “Já
podemos ir embora, mãe. Está muito frio e tenho gelo dentro das botas. Afinal
não gosto assim tanto de neve.”
A Serra da Estrela defraudou as suas enormes expectativas mas uma
coisa teve de bom: adivinhem quem ficou constipado no derradeiro dia de férias
e não pôde regressar com os irmãos ao Colégio?
Tudo está bem quando acaba bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário