sexta-feira, 10 de maio de 2013

dyeing mood




Domingo de sol e calor. Estamos na Figueira, no jardim, a jogar basket. Melhor, o Tommy e o pai jogam basket. Encestam “sem espinhas” como diz o Tiago que, apesar de não ter grande fama no que toca a dotes desportivos, lá vai acertando de quando em vez. A Té, que enverga, inexplicavelmente, um boné gigante, uma capa de chuva e uma mala ao ombro, posiciona-se debaixo do cesto só para criar o já obrigatório ambiente de conflito. Eu limito-me a fazer figura de ursa por duas ou três vezes até ser dispensada por incapacidade evidente.

O Ti lesiona-se e parte para a garagem em busca de algo com que se entreter. Surge passados uns minutos com uma lata de tinta na mão. Antes que tenha oportunidade de o alertar já há uma mancha negra na parede da casa.

“Tiago!... Vê só o disparate que fizeste!”

“Desculpa mãe, estava só a experimentar… acho que o avô vai ficar muito aborrecido…”

Corre para casa e regressa com uma pega de cozinha com a qual tenta, em vão, limpar a parede. Arranco-lhe a pega suja de tinta da mão:

“Agora parece-me que, além do avô, também vais ter a avó zangada contigo.”

O avô surge, apaziguador e diz-lhe para não se consumir, que vai resolver o assunto.

O Ti mantém-se com a lata em punho:

“Posso pintar o chão?”

“Não.”

“Então esta tinta não serve para nada?!?”

“Serviu, por exemplo, para pintar a tua cama.”

Vira costas, porta adentro, novamente. Ouço-o dizer para si:

“Não me parece grande ideia, mas posso tentar.”

Não o tivesse eu interceptado e teriam passado a existir mais móveis pretos lá por casa.

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