É familiar de uma criança sub-6 e a imagem de cima não lhe diz
nada? Dos confins do seu cérebro não surge de imediato a melodia “É a
Princesiiiiinhaaa… Princesiiiinhaaa… Princesiiiinhaaa…”?
Considere-se bafejado pela maior das sortes. Escapar à Princesinha
não acontece a qualquer um.
A Princesinha foi criada por um senhor chamado Tony Ross. Dele
apenas sei que é inglês e que estabeleceu como objectivo de vida infernizar
lares por esse mundo fora.
A Princesinha não é simpática. A Princesinha não é bonita. A
Princesinha não tem maneiras. A Princesinha não é obediente. A Princesinha não
larga a chupeta. A Princesinha não come salada. A Princesinha não arruma os
brinquedos. A Princesinha não trata bem os animais. A Princesinha só veste o
que quer. A Princesinha é uma peste.
Moral da história: a Princesinha é chamada à razão pelos seus actos
vis no final de cada episódio? Não. A Princesinha leva sempre a sua avante. E
porquê? Porque vive rodeada por um bando de energúmenos: uma mãe Rainha fútil,
um pai Rei apatetado, uma ama galdéria, um valete parvalhão, um ministro sem
funções, um comandante que não sabe nadar, um cozinheiro francês e um
jardineiro (honra seja feita aos dois últimos que parecem ser os únicos a
produzir alguma coisa).
As muitas e tão evidentes fraquezas de cada um são habilmente usadas
pela Princesinha para conseguir SEMPRE os seus objectivos.
Resumindo, transmitir bons modos e bons princípios uma criança
pequena torna-se muito mais difícil no momento em que esta se depara com o
universo da Princesinha.
O Tiago conheceu a Princesinha aos dois anos e andou viciado
naquilo durante meses. Foram tempos difíceis. Acabou por passar, como tudo, mas
deixou algumas marcas. Ainda guardamos, de recordação, uma carrinha do INEM que foi esturricar ao micro-ondas.
Agora perguntem-me: o que fiz eu às dezenas de ‘Princesinhas’ que
foram gravadas na box da Zon nessa altura? Apaguei-as? Não, não tive coragem. Lá
estão. E a Té acabou de as descobrir. Desejem-me sorte.
ps: deixo-vos uns segundos da Princesinha. Não encontrei em
português mas a versão castelhana parece igualmente intragável. Não mostrem a
ninguém.
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