sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

magic words


O ano arranca frio e chuvoso. Cenário ideal para ficar por casa. Estamos os cinco a jogar Wii Party. Tarde em família perfeita se não houvesse alguém a atirar-se para o chão aos gritos a cada derrota num mini-jogo. Eu já estou pelos cabelos… o pai vai aguentando a confusão. Tudo em ordem. Os meus queixumes não os afectam, definitivamente. A certo ponto até o pai perde a paciência e repreende o Ti que larga o comando e sai porta fora mas não sem antes ameaçar:

“Pai, voltas a falar assim comigo e…”

“E?..” – pergunta o pai, enquanto faz um salto à vara perfeito com o Mii da Té que está em transe por ir em último.

Olha para mais infinito na esperança de que o infinito lhe indique um modo de sair da situação sem se arriscar a levar uma palmada:

“…e… não falo mais contigo.”

A Té rejubila com a sua pontuação e sorri malvada ao ver o Ti desaparecer em direcção ao quarto.

Espero cinco minutos. Não regressa. Vou procurá-lo. Está enfiado na cama. Sento-me a seu lado e afago-lhe o cabelo.

“É um bocado cedo para vires dormir, rapaz…”

“Não vou dormir. Estou deitado porque estou amuado.”

“Isso já percebi eu.”

Atira o edredão para trás e sai da cama num salto. Olha-me de soslaio. Com um leve sorriso, diz:

“Ok. Disseste as palavras mágicas, posso regressar.”

Começa a caminhar em passitos rápidos de volta para a sala. Sigo-o.

“Que palavras mágicas?”

Sem se voltar para mim, estaca e explica:

“As palavras ‘isso-já-percebi-eu’. Quando estamos amuados queremos que os outros percebam. Percebes?”

Percebo. Percebo também que se encontrarmos as palavras mágicas certas para cada problema tornamos a vida bem mais fácil. 
Keep it simple. Keep it magic.

  

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