O ano arranca frio e chuvoso. Cenário ideal para ficar por
casa. Estamos os cinco a jogar Wii Party. Tarde em família perfeita se não
houvesse alguém a atirar-se para o chão aos gritos a cada derrota num mini-jogo.
Eu já estou pelos cabelos… o pai vai aguentando a confusão. Tudo em ordem. Os meus queixumes
não os afectam, definitivamente. A certo ponto até o pai perde a paciência e
repreende o Ti que larga o comando e sai porta fora mas não sem antes ameaçar:
“Pai, voltas a falar assim comigo e…”
“E?..” – pergunta o pai, enquanto faz um salto à vara perfeito com
o Mii da Té que está em transe por ir em último.
Olha para mais infinito na esperança de que o infinito lhe indique
um modo de sair da situação sem se arriscar a levar uma palmada:
“…e… não falo mais contigo.”
A Té rejubila com a sua pontuação e sorri malvada ao ver o Ti
desaparecer em direcção ao quarto.
Espero cinco minutos. Não regressa. Vou procurá-lo. Está enfiado
na cama. Sento-me a seu lado e afago-lhe o cabelo.
“É um bocado cedo para vires dormir, rapaz…”
“Não vou dormir. Estou deitado porque estou amuado.”
“Isso já percebi eu.”
Atira o edredão para trás e sai da cama num salto. Olha-me de
soslaio. Com um leve sorriso, diz:
“Ok. Disseste as palavras mágicas, posso regressar.”
Começa a caminhar em passitos rápidos de volta para a sala. Sigo-o.
“Que palavras mágicas?”
Sem se voltar para mim, estaca e explica:
“As palavras ‘isso-já-percebi-eu’. Quando estamos amuados queremos
que os outros percebam. Percebes?”
Percebo. Percebo também que se encontrarmos as palavras mágicas
certas para cada problema tornamos a vida bem mais fácil.
Keep it simple. Keep
it magic.
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