segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"Wrinkles should merely indicate where smiles have been" (Mark Twain)



Sábado. Hora de ir buscar o Tommy ao futebol. Estaciono e dirijo-me a alguns pais que conversam alegremente enquanto aguardam os seus pequenos campeões.

“Boa tarde, podem dizer-me se o jogo já acabou?”

Olham-me com o desprezo que merece uma mãe que não se dignou a assistir à partida. Sorrio e, numa tentativa de conquistar alguma compaixão, aponto para o Ti e para a Té, à tareia, no banco de trás do carro. Não se comovem. Está visto que duas criancinhas pequenas não desculpam a minha passividade perante a carreira do mais velho. Não me intimido. Tenho a consciência tranquila. Duas horas em casa com os mais novos exigem muito mais de mim do que duas horas a conviver com treinadores de bancada. Além disso, estive a fazer um pudim molotov que é dos preferidos do Tommy. Mais, este foi o primeiro jogo após a paragem de três semanas por lesão pelo que estou segura de que não saiu do banco. Limito-me a perguntar:

“Ganharam?”

Respondem-me (quase em coro):

“A pergunta não é ‘se ganharam’. A pergunta é ‘por quantos ganharam’…”

Ok, já percebi que ganharam. Vislumbro o meu menino ao longe. Vem de cabelo seco, sinal de que não jogou. Aceno-lhe e dirijo-me para o carro onde os outros dois continuam engalfinhados. Desejo um bom fim-de-semana aos pais sem lhes dar tempo de me comunicar o resultado.

Arrancamos em direcção a casa. O Tommy vai ao meu lado, sorridente e confiante. É impressionante como está crescido.

“Então? Não perguntas pelo jogo?”

“Já sei que arrecadaram mais uma vitória, meu querido. Fico contente. Também já reparei que estiveste no banco mas era de esperar que não jogasses hoje.”

Olha-me e, percebendo que não estou muito interessada em saber mais detalhes, muda de assunto:

“Mãe, o que é que tens aí na cara? Arranhaste-te?

Espreito o retrovisor. Não vejo arranhão nenhum.

“Acho que não… onde é que vês o arranhão?”

Aponta para o canto do meu olho direito:

“Aqui. Está arranhado. Oh! São rugas?!?”

Aceno positivamente enquanto ponho o retrovisor na posição original. Não estou interessada em ver as minhas rugas, muito menos em falar sobre elas. Mudo de assunto:

“Então e o jogo? Conta lá como foi.”

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