Observar os meus filhos numa brincadeira pegada provoca-me dois
sentimentos absolutamente distintos. Se por um lado me enche de alegria ouvir
as suas gargalhadas (há coisa melhor do que o genuíno e incontrolável riso de
uma criança?) por outro sou invariavelmente invadida por um péssimo
pressentimento relativamente a quão mal a coisa vai acabar. Porque acaba sempre
mal, não há outro modo de acontecer. A saber:
Acaba (mal) a brincadeira porque a chata da mãe decide que é hora
do banho, de ir para mesa ou de ir dormir.
Acaba (mal) a brincadeira porque alguém se magoa no meio da algazarra.
Acaba (mal) a brincadeira porque começam a discutir e se pegam à
pancada.
Estes três inibidores de brincadeiras pegadas acontecem em simultâneo
com mais frequência do que o desejável. Foi o caso de ontem em que eu chamei os
mais novos para o banho quando faziam a centésima última ronda de uma dança de
cadeiras. O Tommy pára a música, o Ti e a Té lançam-se para a cadeira livre e
acabam os dois no chão. A Té chora e diz que o Ti a pisou. O Ti grita-lhe que a
culpa foi da cadeira que se mexeu. A Té bate no Ti. O Ti bate na Té. O Tommy
sai de mansinho antes que sobre para ele. Arrasto-os para a casa de banho onde
ficam a discutir:
“Não sô mai tua amiga. Não binco mai contigo.”
“Eu é que não sou mais teu amigo. Nunca mais falo contigo.”
“EU é que não falo mai contigo.”
“MÃÃÃEEE, a Teresa está a inritar-me!!!”
“O TIAGO É QUE TÁ!!!”
Encho a banheira enquanto tento convencê-los de que para não falarem
mais um com o outro precisam de começar por de se calar. Quando entram na água
já estão em paz.
“Mãããeee, podemos ficar aqui a brincar um bocadinho?”
“Só mesmo um bocadinho, caso contrário… vai acabar mal.”
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