sexta-feira, 4 de abril de 2014

"Vai acabar mal..."



Observar os meus filhos numa brincadeira pegada provoca-me dois sentimentos absolutamente distintos. Se por um lado me enche de alegria ouvir as suas gargalhadas (há coisa melhor do que o genuíno e incontrolável riso de uma criança?) por outro sou invariavelmente invadida por um péssimo pressentimento relativamente a quão mal a coisa vai acabar. Porque acaba sempre mal, não há outro modo de acontecer. A saber:

Acaba (mal) a brincadeira porque a chata da mãe decide que é hora do banho, de ir para mesa ou de ir dormir.

Acaba (mal) a brincadeira porque alguém se magoa no meio da algazarra.

Acaba (mal) a brincadeira porque começam a discutir e se pegam à pancada.

Estes três inibidores de brincadeiras pegadas acontecem em simultâneo com mais frequência do que o desejável. Foi o caso de ontem em que eu chamei os mais novos para o banho quando faziam a centésima última ronda de uma dança de cadeiras. O Tommy pára a música, o Ti e a Té lançam-se para a cadeira livre e acabam os dois no chão. A Té chora e diz que o Ti a pisou. O Ti grita-lhe que a culpa foi da cadeira que se mexeu. A Té bate no Ti. O Ti bate na Té. O Tommy sai de mansinho antes que sobre para ele. Arrasto-os para a casa de banho onde ficam a discutir:

“Não sô mai tua amiga. Não binco mai contigo.”

“Eu é que não sou mais teu amigo. Nunca mais falo contigo.”

“EU é que não falo mai contigo.”

“MÃÃÃEEE, a Teresa está a inritar-me!!!”

“O TIAGO É QUE TÁ!!!”

Encho a banheira enquanto tento convencê-los de que para não falarem mais um com o outro precisam de começar por de se calar. Quando entram na água já estão em paz.

“Mãããeee, podemos ficar aqui a brincar um bocadinho?”

“Só mesmo um bocadinho, caso contrário… vai acabar mal.”

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