quarta-feira, 7 de maio de 2014

To mum, with love



Presentes do dia da mãe. O Tommy oferece-me um cartão com um lindo poema. Não vá eu convencer-me de que o meu filho mais velho está a ficar lamechas, recita o poema em ritmo hip-hop. O Ti fez um elaborado trabalho de pintura e colagem com motivos florais para eu colocar na parede. A Té memorizou duas quadras dedicadas à mãe e diz-mas em surdina, ao mesmo tempo que me estende, com orgulho, uma moldura decorada com flores de papel colorido.

“Adorei as vossas surpresas, meus queridos. Obrigada.”

Sorriem, satisfeitos.

“Ainda bem que gostaste. O meu, pelo menos, deu muito trabalho”, diz o Ti enquanto observa com um ar sobranceiro a moldura da Té. Um olhar ameaçador do irmão impede-o de abrir a boca para tecer algum comentário menos simpático.

Inibido de criticar a menina só-porque-é-pequenina aponta as baterias para cima:

“O Tomás podia ter usado várias cores para escrever o poema dele. Tinha ficado muito mais giro.”

“Só tive quarenta minutos…”

“Se tivesses alinhado os lápis todos à tua frente, ias pegando num de cada vez, e escrevias uma palavra de cada cor. Era rápido.”

“Não se iam ler tão bem as palavras…”

“Talvez, se usasses o amarelo clarinho. Esse já se sabe que só serve para pintar o sol.”

“Preferi assim.”

“Preferiste mal.”

Peço-lhes que não comecem a discutir. Digo-lhes que gosto dos seus trabalhos independentemente da quantidade de cores ou enfeites que cada um teve oportunidade de utilizar. Explico-lhes que o importante é o carinho e o esforço que lhes dedicaram. Já devia ter aprendido que há momentos em que o melhor é estar caladinha:

“O meu foi o mais chato de fazer porque tive de fazer pintinhas nas pétalas, pintar os ramos, colar as folhinhas, colar as pedrinhas…”

“Ouve cá, achas que fazer um poema é fácil?”

“Não. Fazer um poema é chato. Mas as minhas flores foram muito mais chatas de fazer. Tive de fazer pintinhas nas pétalas, pintar os ramos, colar…”

“A MIA MÓDURA TAMÉM FOI CHATA!”

“A tua moldura é simples.”

“É CHATA!”

“AS MINHAS FLORES SÃO AS MAIS CHATAS!”

Deixei-os a disputar o grau de chatice das suas obras enquanto as fui guardar no meu quarto. Três pedacinhos de amor dos meus meninos que vão ficar comigo para sempre. Valeu o esforço, miúdos. Sou uma mãe cheia de sorte.


  

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