quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Early morning



O alarme do telemóvel toca no exacto momento em que me preparo para começar o exame de Análise Matemática II. Suspiro de alívio. Tacteio a cabeceira da cama em busca do aparelho buzinante e carrego no snooze. Enfio a cabeça na almofada e caio no sono. Estou num palacete Arte Nova a fugir de um urso panda quando o alarme me salva mais uma vez. Volto a premir o snooze mesmo correndo o risco de ir parar à base de um vulcão em erupção. Levanto-me, a custo, ao quinto ou sexto toque. Está frio. Olho as horas. É tarde! Enfio uma camisola de lã por cima do pijama e disparo para o quarto do Tommy.

“Acorda! Acorda! Já passa das sete e meia! Tens aqui a roupa. Veste-te rápido. Se não nos despachamos chegamos outra vez atrasados! Vou chamar os teus irmãos!”

“Mãe…”

“Sim, filho.”

“Não está um bocado escuro demais para sete e meia?...”

Está escuro, é um facto, mas amanhece tarde nesta altura do ano. Raio da hora de inverno, não me consigo habituar a ela. Encosto o nariz ao vidro gelado. Não se vêem carros na rua. Isso já é estranho. Agarro o telefone do rapaz que está pousado na secretária. Ele tem razão. Está escuro para sete e meia pois ainda faltam quase duas horas para as sete e meia.

“Volta para a cama. Desculpa ter-te acordado.”

Dou-lhe um beijo na testa, apago a luz e corro de volta para o aconchego dos lençóis. Acerto as horas do meu telefone e, antes de mergulhar numa longa-metragem digna de uma matiné do Fantasporto, prometo a mim mesma não voltar a adiantar o relógio em troca de um punhado de vidas no CandyCrush.



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