Este
ano o meu aniversário foi celebrado com um pequeno jantar em casa dos avós. A
Té indignou-se por ter convidado pouca gente: "Mais gentes dava mais
jeito, mamã... na minha festa quero todas as gentes!"
Não
sei se por falta de 'gentes' ou pela constipação que teima em não passar, ficou
com sono mais cedo do que os irmãos.
"Vamos
para casa, mamã... os manos vão depois, com o papá."
"Ok,
fofinha. Veste o casaco, o gorro e as luvas. À noite está gelada e tu não podes
apanhar frio."
Metemo-nos
ao caminho, de mãos dadas. Olho-a de cima. O narizito arrebitado, o casaco
comprido e o passo firme fazem-na parecer uma miniatura de pessoa crescida.
Paramos no semáforo que está vermelho para os peões. Sorrio-lhe. Ela sorri de
volta e levanta a mão em direcção ao céu.
"Estás
a ver as estrelas a brilhar?"
"Estou.
Estão muito bonitas."
"Sabes
o que dizem, mamã?"
"Não,
não sei."
Olha-me
complacente.
"Que
dia estamos hoje?"
"Dia
30."
"Quem
faz anos hoje?"
"Eu."
"Então
que achas que dizem as estrelas?"
O
semáforo já está verde mas nós mantemo-nos imóveis, de mãos dadas e olhos no
céu.
"Não
sei Teresinha. Diz-me tu."
Ergue
a sua luva no ar o mais que consegue e, como que apontando uma frase num
quadro, mostra-me o óbvio que eu ainda não tinha conseguido ler:
"PARABÉNS
MÃE! Não acredito que não tinhas reparado."
"Não
tinha mesmo, minha linda. Ainda bem que me mostraste. Olha, o semáforo está
vermelho de novo..."
"Não
faz mal. Esperamos que fique verde 'outa' vez. Olha para a lua! Também te está a dar os parabéns!"
Aceno
aos astros e agradeço:
"Obrigada
estrelas! Obrigada lua!"
Obrigada
Té, pela tua magia.
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