O Tiago está empolgado com a ideia de passar para o ‘edifício dos
grandes’ e aproveita toda e qualquer oportunidade para o demonstrar:
“Teresa, já te disse que para o ano estás SOZINHA? Eu já vou lá
para cima, para o pé do Tomás!”
A Teresa tem reagido sempre do mesmo modo, franzindo o sobrolho e
murmurando um (aparentemente) desinteressado “nahh”. Por mais ambientada que
esteja ao colégio não me parece que se sinta preparada para a ausência do irmão.
Até porque, enquanto em casa são gato e rato, na escola entendem-se às mil
maravilhas.
“Ti, não continues a dizer-lhe isso, que a fazes ficar triste…”
“Mas é verdade!”
“Eu sei, mas a Té é pequenina e ainda não compreende bem as coisas. O melhor é deixar andar e quando começarem as aulas vais ver que vai acabar por
encarar o facto de não estares lá com normalidade.”
‘Deixar andar’ é algo que não encaixa no seu vocabulário. As
verdades não podem ser camufladas. Principalmente aquelas que irritam a irmã. Abana
a cabeça e diz:
“Teresa, podes não compreender mas TENHO de te explicar: quando voltares
à escola vais descobrir que estás sozinha na infantil e vais ficar triste. MUITO
triste.”
Ela é pequena e pode não perceber nada acerca de anos escolares
mas percebe perfeitamente quando a estão a provocar. E aí, em substituição do (aparentemente)
desinteressado “nahh", puxa a mão atrás.
“Mãe!!! A Teresa bateu-me!!!”
Bateu, sorriu, deu meia volta e foi à sua vida. Já percebeu que
vai chegar um momento em que vai ficar triste. MUITO triste. Enquanto esse
momento não chega é bom que não voltem a tocar no assunto. Porque ela é má.
MUITO má.
Ahahahahahah!! Grande Té
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