A Teresinha é uma caixinha de surpresas. Nunca sei o
que esperar daquele metro de gente de nariz arrebitado. Talvez por isso não
tenha achado estranho que há dias tenha decretado que "nada" era o
que desejava fazer quando fosse grande.
O Tiago não gosta de surpresas nem de não saber o que
esperar dos outros. Talvez por isso não tenha 'encaixado' o assunto sem
descortinar o porquê de tamanha sostrice da irmã em relação ao seu futuro neste
mundo. Insistiu, descortinou e cabe-me agora a mim, em jeito de desculpa por
ter menosprezado o potencial da minha filha, transmitir a conversa dos dois:
"Ainda não percebi porque é que não queres ser
nada."
"Poque sim. Não qué sê nada."
"Podes ser muitas coisas giras. Podes ser médica.
Podes ser polícia. Podes ser empregada de loja..."
"Nao qué sê nada, já disse."
"Mas porquê, Teresa? Porquê?"
"Poque eu góto de sê pequena! Eu não qué sê nada
poque EU NÃO QUÉ SÊ GANDE!"
Tão simples como isto. Tens toda a razão, minha
querida. Quem é que, no seu perfeito juízo, quer ser doutor quando pode ser criança?
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