"Oh,
meu Porto, onde a eterna mocidade
Diz à gente o que é ser nobre e
leal.
Teu pendão leva o escudo da
cidade
Que na história deu o nome a
Portugal.
Oh, campeão, o teu passado
É um livro de honra de vitórias
sem igual
O teu brasão abençoado
Tem no teu Porto mais um arco
triunfal
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto
Quando alguém se atrever a sufocar
O grito audaz da tua ardente
voz
Oh, Oh, Porto, então verás
vibrar
A multidão num grito só de
todos nós"
Após o fatídico terceiro golo do Benfica, que nos sacudiu a última
réstia de esperança de ganhar ao menos a Taça, o Tommy, de olhos rasos de água,
perguntou-me:
“O que é que vamos ganhar este ano, mãe? O quê?”
“Nada, meu filho. Não vamos ganhar nada.”
Olhou-me com a mais profunda das tristezas, tirou a camisola que
veste sempre para dar sorte durante o jogo, e saiu da sala com um:
“Não aguento mais isto. Vou dormir.”
É um pesadelo. Eu própria, que ainda sou do tempo em que o
campeonato era uma coisa que se festejava ano sim, ano não, tenho alguma dificuldade
em lembrar-me de tamanho desastre. O meu filho não está
preparado para este pesadelo. Desde que é gente (e só é gente há onze anitos e
uns meses) o Fcp já limpou nove campeonatos, cinco taças, oito super-taças,
duas taças UEFA e uma Champions League. Face a este palmarés é complicado
digerir os tristes resultados da época que agora termina. É complicado mas digere-se. O
futebol é mesmo assim. Por mais que as coisas corram mal, por mais que
insultemos o treinador ou tenhamos vontade de esbofetear metade do plantel, o
amor ao clube não diminui. Este ano o Porto não foi o nosso Porto mas cá estaremos
para continuar a apoiá-lo. Hoje de manhã, à chegada ao colégio, o rapaz foi
prontamente saudado com um sarcástico:
“Então? Essa Páscoa? Não há palavras pois não?...”
Fiz-lhe uma festa na cabeça e disse-lhe baixinho:
“Não ligues.”
“Eu já argumento, não te preocupes.”
“Não tens grandes argumentos…”
Ele sorriu-me confiante:
“Contra um benfiquista?... Tenho sempre argumento!”
E lá foi, a correr no encalço dos amigos, com a força da chama
azul e branca que até pode esmorecer mas nunca se apaga. Somos Porto.
Ps: quem me conhece sabe o quanto eu gosto de fazer quadros de Excel.
Os títulos dos últimos vinte anos dos chamados ‘grandes’ (ao qual espero não
ter de acrescentar mais nenhum quadradinho vermelho):
O Tommy tem razão. Não lhe faltam argumentos.