Romaria Sta Rita
Ermesinde
A iluminação está montada bem no centro da rotunda. O sol da tarde
torna-a praticamente invisível. Não para o Ti, que a tenta decifrar enquanto eu
aguardo alguma alma simpática que me dê passagem e me permita deixar o
Tommy a horas no treino.
“Ro-ma-ri-a-qualquer-coisa-Rita…o que é uma romaria, mãe?”
“É uma festa. Vão começar as festas da Santa Rita.”
“No castelo?” – pergunta a Té.
“Castelo?! Oh, Teresa, não percebes nada… ali foi onde os pais de casaram…”
“Casáte num castelo, mamã?”
Observo a igreja da Santa Rita e o grande edifício centenário do colégio
da Formiga que se desenvolve a norte. Aos olhos de uma criança parece,
efectivamente, um castelo de princesas. Não estivesse o Ti no carro e eu até
era menina para alimentar a fantasia. Limito-me a confirmar que se trata de uma igreja e não de um castelo. Entramos, finalmente, na rotunda. A Té olha desconsolada o castelo que afinal não é um castelo. O Tommy olha o relógio que já marca uns minutos de atraso. O Ti continua a olhar para a iluminação não iluminada e exclama alegremente:
“E eu tenho sorte!”
"Tens sorte porquê, rapaz?"
Inclina a cabecita e sorri:
“Tenho sorte porque sou o único que pode ir. Seis a dez. Eu tenho
seis, posso. A Teresa tem quatro, ainda não pode. O Tomás tem onze, já não pode!”
Podia tê-lo deixado a pensar que o seis a dez se referia a anos de vida e não a dias do mês corrente. Podia, mas não o fiz. E sou capaz de jurar que suspirou de alívio quando percebeu que não ia ter a oportunidade de ir sozinho à Romaria.
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