Sexta-feira. Nove e meia da noite. Saio da ginástica sem poder com
uma gata pelo rabo. O menor dos meus problemas, já que a minha gata faz questão
de não me deixar pegar-lhe, e dadas as tarefas que ainda estão pela frente: ir
buscar os meninos a casa dos avós, carregar meninos e tralhas dos meninos para
o carro, do carro para o elevador e do elevador para casa, enfiar os meninos
mais novos na banheira, gastar um mês de vida a convencê-los a sair de lá, gastar
outro mês a explicar ao mais velho que “banho agora” ou “banho amanhã de manhã”
não é a mesma coisa, tentar impedir os rapazes de começarem a jogar o que quer
que seja às onze da noite, colar cromos e fazer pulseiras de elásticos com a Té
enquanto os mais velhos jogam aquilo que não os consegui impedir de jogar,
arrastá-los para o meu quarto, contar uma história, ver um pedaço do Frozen, ver um pedaço do Lego, ver um pedaço do Chicago Fire, fazer o transbordo da bela e dos belos adormecidos da minha para as suas
camas, tomar banho, secar o cabelo, estender uma (ou duas) máquinas de roupa, varrer
a areia do chão da casa de banho, desligar luzes e aparelhos, enviar uma (ou
duas) sms ao André a cobrar-lhe o facto de ter ido jantar fora, sentar-me finalmente
no sofá, gastar dez minutos a escolher um filme, adormecer passados outros dez. Vá que é sexta.
Assim que entro em casa dos meus pais percebo que o simples acto
de os tirar dali se reveste hoje de um grau de dificuldade extra uma vez que o Tommy está no pátio, com uma brazuca nos pés, empenhado em "fazer a-melhor-finta-de-sempre" e o Ti está incumbido de filmar a mesma para memória futura. Estimo que se
sucedam cento e cinquenta quase-melhores-fintas-de-sempre filmadas de vários ângulos.
Vale-me a confiança (cega) que tenho na incapacidade da bateria do iPhone de
chegar à vigésima filmagem. Decido ir pegando na Té que está refastelada no
colo do avô a jogar qualquer coisa no telemóvel da avó.
“Té, vamos lá calçar as sapatilhas, temos de ir embora.”
“Espera mamã. Tou a xogar ête xogo.”
Arregalo-lhe os olhos. Está ao colo do avô e isso confere-lhe uma inegável
superprotecção em relação aos meus olhares lancinantes. Sorri e faz a sua
proposta:
“Quando perdê, tá bem?”
“E se não perderes?”
Bate com os joelhos um no outro, encolhe os ombros, enrosca-se um
bocadinho mais nos braços do meu pai e diz-me, lenta e docemente, como que
explicando algo mesmo muito simples a alguém mesmo muito burro:
“Se não perdê… ganho.”
Fiquei arrasada só de ler o relato!
ResponderEliminarQue horas foram todos para cama?
Kkkkkk!
tarde, muito tarde...
Eliminarbeijinhos!