Tenho para mim
que ensinar gramática da língua portuguesa a uma criança de 10 anos é quase tão difícil
como pô-la a fazer integrais triplos.
Este
fim-de-semana coube-me a ingrata tarefa de ajudar o Tommy a memorizar as regras
de flexão dos nomes em género (masculino e feminino).
Regra geral:
Os nomes terminados em ‘o’ e ‘e’ formam o
feminino em ‘a’.
aluno/aluna
infante/infanta
Até aqui tudo
bem. Nada a apontar. Mas a coisa complica-se:
Os nomes terminados em ‘ão’ formam o feminino em ‘ã’, ‘oa’ ou 'ona’.
Como é que se
explica que o feminino de valentão não é valentã e que o de castelão não é
castelona? Não se explica. Aguarda-se o momento em que digam mal, sejam gozados
por isso e aprendam a forma correcta.
Como se não
bastasse ainda temos as excepções:
Alguns nomes terminados em ‘ão’ formam o
feminino ‘ana’, ‘ia’ e ‘esa’:
sultão/sultana
espião/espia
barão/baronesa
Porquê complicar
tanto? E podíamos ficar por aqui, mas não:
Há nomes que fazem o feminino com terminação
em ‘essa’, ‘esa’, ‘isa’ e ‘ina’:
abade/abadessa, conde/condessa
duque/duquesa, cônsul/consulesa
poeta/poetisa, profeta/profetisa
herói/heroína, czar/czarina
Outros nomes terminados em ‘eu’ fazem o
feminino em ‘eia’:
plebeu/plebeia
europeu/europeia
Há, no entanto, casos
simples em que:
O masculino se distingue do feminino
apenas através do determinante:
o estudante/ a estudante
o pianista/ a pianista
o artista/ a artista
o doente/a doente
Agora que penso
nisto apercebo-me de que esta última é a única forma de distinção que a
Teresinha aplica…
Para não parecermos
demasiado mal perante línguas com lógicas bem mais básicas temos alguns casos
em que:
…nomes com uma só forma para ambos os
géneros:
a criança,
a vítima,
a pessoa,
a testemunha
Os nomes de alguns (saliente-se o ‘alguns’) animais possuem um só género gramatical, tornando-se,
por isso, necessário juntar ao nome as palavras ’macho’ e ‘fêmea’ para
especificar o sexo do animal:
a águia macho/a águia fêmea
a cobra macho/a cobra fêmea
o crocodilo macho/o crocodilo fêmea
Era directo se
não tivéssemos de memorizar à partida que uns são ‘o’ e outros são ‘a’…
Cansados? Calma.
Ainda faltam as centenas de:
nomes que formam o feminino através de
palavras diferentes:
pai/mãe
rei/rainha
carneiro/ovelha
cavalo/égua
…
Se existir por aí alguém que já tenha conseguido ensinar português
a um estrangeiro eu presto-lhe, desde já, a minha mais sincera homenagem.
Depois das regras de flexão dos nomes em género passámos aos nomes
colectivos.
Nome comum singular associado ao nome colectivo vinha: “uva!”
Nome comum singular associado ao nome colectivo roseiral: “ramo!”
E porque não?