terça-feira, 30 de abril de 2013
segunda-feira, 29 de abril de 2013
eu meço, tu medes, ele mede...
Numa das últimas idas ao pediatra, a Té, que é uma ‘peça’ connosco mas um anjinho para os de fora, angariou, além de várias amostras de protector
solar, uma meia dúzia de réguas de medida da Tantum Verde.
O papá, que só não transforma de vez a nossa casa num parque
infantil porque eu não deixo, apressou-se a colar uma das réguas na parede da
sala para que os meninos pudessem verificar a sua altura.
“Mãe! Já viste o que pusemos aqui?”
“Já…”
“Sabes quanto custo? 110! A Teresa custa 95 e o Tomás 140!”
“Não é quanto custas, é quanto medes…”
“Ok. Eu estou no 110.
A Teresa é menos pesada, está no 95…”
“Não é peso querido, é altura. Tu medes 110 centímetros , a
Teresa mede 95 e o Tomás mede 140. Estão crescidos!”
“E Jesus? Deve medir mais que todos!”
“Jesus é Grande, certamente…essa régua não chega para Ele.”
“Achas que mede até ao tecto?”
“Não sei, Tiago... talvez.”
Deixei-o nas suas considerações metrico-teológicas e fui à minha
vida. Mais tarde ouvi-o perguntar ao irmão:
“Tomás, Jesus é ‘O mais alto do mundo’?”
O Tommy, que tinha estado a ver com o pai os playoffs da NBA, limitou-se a responder:
domingo, 28 de abril de 2013
head in Tunisia
"Meninos,
estão a ver aquela fotografia? Foi tirada na Tunísia."
"Eu já
visitei a Tunísia, mãe? Não me lembro... pois, ainda era pequeno... que pena...
tu lembras-te Tomás?"
"Lembro.
Já tinha quase sete anos. Foi giro. Havia um grande trapézio, campos de ténis e
camelos na praia."
Mostro ao
Tiago fotografias do trapézio.
"Que perigoso
Tomás!! Não tiveste medo? E, olha nesta: um 'guarda-quedas' a ser puxado por um
barco!"
O Tommy
sorri: "Um pára-quedas, Ti. Também fiz isso, com o pai."
Perante
tanta actividade o Ti parece suspirar de alívio por não ter tido oportunidade
de participar: "Eu não podia porque os bebés não podem fazer essas coisas.
E a Teresinha? Ainda não existia, pois não?"
Explico que
sim, mas que era ainda muito pequenininha, na minha barriga.
"Só
tinha cabeça?"
Rio-me e preparo-me para lhe explicar que um embrião de poucas semanas já tem
bracinhos e perninhas. Não tenho hipótese. Já saiu a correr. Ouço-o a chamar pela irmã:
"Teresa! Teresa! Sabias que a tua cabeça já foi à Tunísia? Não te lembras de nada pois não? Pena
não é?"
terça-feira, 23 de abril de 2013
'avidinhas'
“Mãe, vamos jogar às ‘avidinhas’ dos animais!”
“Ok. Primeiro ‘avidinho’ eu.”
“Qual é o animal que vive no mar, é longo, é peixe e tem outra
palavra?”
“Peixe-espada!”
“Certo. Mas era muito fácil. Não contou. 0-0.”
“…”
“Outra: qual é o animal longo que vive na água e é muito perigoso?”
“Crocodilo!”
“Certo. 1-0.”
“Agora eu. Qual é o animal que vive na selva e gosta de bananas?”
“Fácil. Macaco! 1-1.”
“Qual é o animal longo que vive na selva e consegue subir às árvores?”
“Cobra. 2-1.Qual é o animal que vive na quinta e gosta de
cenouras?”
“Coelho! 2-2. Agora uma mais difícil: Qual é o animal…”
“Deixa-me adivinhar: longo…”
Sorri:
“Sim, longo que consegue comer folhas das árvores?”
“Girafa!”
“3-2. Pergunta tu.”
“Qual é o animal simpático, com duas cores, que vive no pólo norte?”
“Rena!”
Rio-me:
“Errado.”
“Então não sei.”
“Uma pista: Madagáscar…”
“Mãããeee… não há pinguins no pólo norte. Só no pólo sul…”
“Desculpa. A mãe às vezes é um bocado ursa… adivinha lá onde vive
o urso polar...”
segunda-feira, 22 de abril de 2013
J.C. Mii
"Mãe, o avô Delfim está no Céu não está?"
"Sim, meu
lindo. Já está no Céu há muitos anos."
"Está lá
sozinho com o Jesus?"
"Não... está
com Jesus e com todas as outras pessoas que também já foram para o
Céu."
"Com a mãe da
avó Antónia?"
"Sim."
"Com a avó da
avó Antónia?"
"Claro."
"Com a tua
madrinha, a Bábá?"
A lista estende-se
por mais alguns minutos até serem checkados todos os
bisavós, trisavós, tios e padrinhos dos avós.
"E o que é
que fazem no Céu?"
"Não sei
filho, não devem fazer nada de especial. Devem passear, conversar..."
"O Céu é
branco?"
"Imagino que
sim..."
"E à
noite?"
"Boa pergunta...
estás a ver a 'Wii Plaza'? Deve ser mais ou menos assim..."
Sai da mesa e
dirige-se à Wii. Agarra num comando e grita pelo irmão:
"Tomááás, vem
por favor ajudar-me a fazer o Mii do Jesus!"
E foi então que os
nossos momentos Wii Party subiram repentinamente para aquele que será o nível
mais próximo do Divino. Que isto de competir com Jesus Cristo não é para
todos...
sexta-feira, 19 de abril de 2013
palavras com "rê"
“Estamos a trabalhar o ‘rê’, mãe. Diz lá palavras com ‘rê’...”
“Com ‘rê’… é fácil: ‘o rato roeu a rolha da garrafa do rei da
Rússia’.”
“Que palavra tão comprida…”
“Não é uma palavra Ti, é uma frase.”
“Ah! Já percebi! ‘Rato’,
‘roeu’, ‘rolha’, ‘garrafa’, ‘Rei’ e ‘Rússia’. Boa mãe!”
“Obrigada, filho. Ora diz lá tudo muito rápido.”
“O rato roeu a rolha da garrafa do Rei da Rússia!”
“Muito bem!”
“Agora ao contrário, mãe: ‘Rússia do Rei da garrafa da rolha roeu
o rato’!”
“Boa!”
“Agora mais difícil, umas para cima e outras para baixo: ‘o rato
rolha do Rei’ e ‘roeu garrafa da Rússia’! Hihihi. ‘Roeu garrafa da Rússia’… que
grande disparate.”
“???”
“Umas-para-cima-e-outras-para-baixo, mãe… ‘rato’, ‘rolha’ e ‘Rei’
em cima e ‘roeu’, ‘garrafa’ e ‘Rússia’ em baixo. É fácil.”
“Para mim não é assim tão fácil, muito menos a conduzir...”
“É, é. Tenta lá.”
“Em casa escrevemos as palavras e fazemos isso…”
“Não, agora é mais divertido. Vou puxar só algumas para cima e dizer
ao contrário: ‘Rei roeu o Rato’! Não é boa esta, mãe? Hihihi. ‘O Rei roeu o
rato’!..”
Neste momento, os meus neurónios trintões já curto-circuitaram.
Limito-me a dizer:
“Raio de raciocínio… aí tens duas palavras que também são com
‘rê’.”
quinta-feira, 18 de abril de 2013
takeawaytale
Era uma vez uma mãe que ia chegar a casa atrasada do escritório e
não ia ter tempo para cozinhar.
Eram uma vez três filhinhos e um papá, famintos,
à espera da mãe para jantar.
A mãe, que gostava muito dos seus filhinhos e do seu maridinho,
sabendo que eles adoravam leitão, decidiu, apesar de ser contra os seus
princípios, ir comprar um pedaço de porquinho bebé assado no espeto.
Os três filhinhos e o papá comeram, comeram, comeram até não
poderem mais. A mãe sentou-se à mesa, sem jantar, a observá-los.
No final, os três filhinhos e o papá decidiram ir para o sofá
descansar com as suas barrigas cheias de porquinho bebé.
A mãe ficou a arrumar a mesa. Como ainda sobrava porquinho e molho
de porquinho, a mãe, que gostava muito dos seus filhinhos e do seu maridinho,
decidiu guardar os restos para que ainda pudessem ser comidos no dia seguinte. Como
odiava o cheiro do molho de porquinho tirou-o com muito jeitinho da tacinha em
que tinha sido servido e devolveu-o à caixinha plástica redondinha e
transparente made-in-china que tinha vindo da Casa dos Leitões. Apressou-se a
fechar a caixinha para deixar de sentir aquele odor que tanto a incomodava. Segurou
a caixinha no ar, indicadores em cima, polegares em baixo e carregou com tanta,
tanta, tanta força que esta rebentou e provocou uma verdadeira explosão deixando
a mãe salpicada de molho da cabeça aos pés.
Os três filhinhos e o papá, ao
ouvirem os gritos da mãe, apressaram-se a ir espreitar. Em escadinha, uns atrás
dos outros, foram surgindo à porta da cozinha. Ao verem a mãe coberta de molho,
soltaram, em uníssono, uma grande gargalhada.
A pobre mãe já estava debaixo do
chuveiro e ainda os ouvia rir com as suas barrigas cheias de porquinho
bebé e as suas almas rejubilantes pelo facto de, desta vez, ter sido a mãe a fazer um grande
disparate.
Era uma vez uma mãe que gostava muito dos seus filhinhos e do seu
maridinho e que não mais comprará leitão para o jantar.
terça-feira, 16 de abril de 2013
face your fears
Sunny Sunday morning, Serra da Boa Viagem, Parque Aventura.
Estamos sozinhos e sem equipamento pelo que o nosso ‘arborismo’ se
resume aos níveis que não se encontram a mais de dois metros do chão.
O Tomás avança sem hesitação de maior. A Té senta-se na base de uma árvore e aguarda (que eu sei) uma aparatosa queda de algum de nós. O Tiago quer seguir o irmão.
“É melhor não, Ti… é alto demais para o teu tamanho e estamos sem arnês…”
Antes que tenha tempo de o impedir já está empoleirado numa
plataforma, pronto a avançar com uma estoicidade que normalmente não lhe
assiste. Sorri e descansa-me:
“Não há ‘proglema’ mãe. Isto é e-xa-cta-men-te como na Wiifit só
que mais fácil.”
ps: se alguém souber de um jogo da Wii que envolva atravessar arcos de lavagem de automóveis, agradeço que mo indique.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Agora Escolha
Percurso matinal com destino ao Colégio. Na rádio é feita uma
referência ao ‘Agora Escolha’. Exclamo com um enorme entusiasmo incontido: “O ‘Agora
Escolha’!!!”
“O que era o ‘Agora Escolha’ mãe?”
Ora, como explicar a miúdos nascidos neste século o fascínio pelo ‘Agora
Escolha’… um programa em que durante cerca de meia hora ligávamos ininterruptamente
para o 017978337 (até ficar com os deditos doridos de tanta volta no disco do
telefone) enquanto assistíamos a uma reportagem sobre a vida animal ou, nos dias
de sorte, a um episódio do Bocas.
Objectivo de tanto esforço: eleger o 'Modelo e
Detective' em detrimento de um 'A Voz de Rão Kyao' ou o ‘Alf’ em detrimento do ‘Anjo
na Terra’…
E era ver os números a crescer no canto do écran:
Bloco A – 54
Bloco
B – 29
…
Bloco A – 59
Bloco B – 47
...
Sim, porque, por mais estranho que pareça,
havia sempre gente a ligar para aqueles programas que se nos afiguravam absoluta
e infinitamente enfadonhos. A certa altura surgia a Vera Roquete com aquele arzinho enervante a anunciar o bloco vencedor. Era o momento em que festejávamos
efusivamente a vitória do nosso bloco ou desligávamos a televisão e íamos saltar
ou elástico ou ler um livro da Enid Blyton.
“O que era o 'Agora Escolha' mãe?”
“Esqueçam meninos... já nem me lembro muito bem.”
domingo, 7 de abril de 2013
this mess we're in
A nossa casa
é caótica. Gente a mais, tralha a mais, espaço e capacidade de organização a
menos. De quando em vez decreto que é dia de arrumação. Digo 'dia' pois nunca é tarefa que se despache em dois tempos. A partir do momento em que abro um armário com o objectivo de estabelecer alguma ordem no seu interior começa a surgir toda uma panóplia de utilidades e
inutilidades que se enquadram nos seguintes grupos:
grupo a: coisas
que devem permanecer naquele espaço de arrumação
grupo b: coisas
perdidas que precisam de ser arrumadas noutro lugar
grupo c: coisas
para o lixo
grupo d: coisas
que não servem para nada mas que não tenho coragem de deitar fora
grupo e:
objectos não identificados
Método adoptado (em sete passos):
Passo número
1 - esvaziar o armário
Passo número
2 - começar a fazer uma seriação de itens
Passo número
3 - arranjar uma caixa grande para os itens dos grupos 'd', uma caixa para os do
grupo 'e' sacos para os do grupo 'c'
Neste passo
os miúdos entram, invariavelmente, em cena:
"olha
que giro! já não me lembrava que tínhamos isto!"
"podemos
jogar este jogo?"
"para
que serve esta coisa? posso levar para o meu quarto?"
"mãe, não
acredito que vais deitar isto fora!..."
Passo número
4 - arrumar os itens do grupo 'a'
Passo número
5 - procurar as coisas que os miúdos já sacaram das caixas, dos sacos e do
armário e repô-las no devido lugar
Passo número 6 - repetir o 'passo número 5'
Passo número 6 - repetir o 'passo número 5'
Passo número 7 - tentar arrumar no sítio certo os itens do grupo 'b'. Aqui inicia-se um
processo de 'loop' que se traduz num inevitável e desesperante regresso ao 'passo número 1' com a agravante de desta vez ser em três ou quatro frentes.
Resultado
frequente:
Um armário
arrumado, múltiplas caixas com tralha "em trânsito" espalhadas pela casa, vários sacos de lixo,
uma mãe com um ataque nervos, 3 crianças a jantar salsichas e massa cozida.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
eu quero ir à Serra da Estrela
Um “temos de ir à Serra da Estrela ver a neve” atirado ao ar no
final de Outubro foi o suficiente para ter o Tiago à perna durante os meses que
se seguiram.
“Quando vamos à Serra da Estrela?”
“É este sábado que vamos à Serra da Estrela?”
“É no próximo sábado que vamos à Serra da Estrela?”
“Mas afinal em que sábado é que vamos à Serra da Estrela?”
“Eu quero ir à Serra da Estrela…”
“O pai disse que íamos à Serra da Estrela. Em dia vamos?”
“…Serra da Estrela…”
“…Serra da Estrela…”
“…Serra da Estrela…”
Antes que a primavera tratasse do degelo agendámos uma ida à Serra
num dos (poucos) fins-de-semana em que o pai não tinha de trabalhar. Como coincidia
com o aniversário da avó acabámos por decidir ir todos: crianças, pais, avós e bisavós.
Para não quebrar a tradição de que estas-coisas-connosco-nunca-são-fáceis
o Tomás adoeceu nas vésperas da partida.
Vamos, não vamos, vamos, não vamos… coitadinho do Ti, queria tanto
ir… lá partimos, finalmente, com um dia de atraso.
O Tomás adorou. Já sem febre, arranjou energia para aproveitar
todos os minutos.
A Teresa esteve imparável. Equipadíssima para o momento, só tinha à
vista o narizito arrebitado e aqueles olhões radiantes. Palavras, só duas,
repetidas em contínuo: “outa vez!... outa vez!... outa vez!” (convém salientar
que com todas as subidas a serem feitas às cavalitas do pai tudo se torna muito
mais simples).
O Tiago, após o clássico boneco de neve, o clássico “anjinho” (que
tantas vezes tinha visto nos episódios do Ruca) e duas ou três descidas de
tobogan, decidiu sentar-se ao meu lado a observar a paisagem.
Cumpridos que estavam os objectivos mínimos, disse baixinho: “Já
podemos ir embora, mãe. Está muito frio e tenho gelo dentro das botas. Afinal
não gosto assim tanto de neve.”
A Serra da Estrela defraudou as suas enormes expectativas mas uma
coisa teve de bom: adivinhem quem ficou constipado no derradeiro dia de férias
e não pôde regressar com os irmãos ao Colégio?
Tudo está bem quando acaba bem.
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